Mas enfim, a passagem por Portugal foi tranqüila e rápida, felizmente não me pararam na imigração.
Já em Frankfurt, tive mais tempo para conhecer o aeroporto e até fazer amigos. Comi meu primeiro Mc Donald’s europeu e quase fui atropelada por uma bicicleta (dentro de um aeroporto ¬¬). Lá, por pouco não perdi o vôo. Depois de ficar horas parada na frente do portão, no qual supostamente eu deveria embarcar, descubro que eles haviam mudado não só o portão, com
o também o número do vôo. E lá vou eu correndo encontrar o portão certo. Não sei o que aconteceu, ou se fazia parte do plano, mas eles esqueceram de pedir a minha passagem e também acabei pulando a parte do detector de metais.
A chegada em Bucharest foi emocionante, não esperava que a cidade estivesse coberta de neve. Quem me pegou no aeroporto foi o motorista do hostel em que ficaria hospedada naquela noite. Ou seja, nenhum sinal de AIESEC por enquanto. No hostel, por 25 euros, ganhei comida, banho quente, internet, transporte e o direito de dividir o quarto com duas americanas – que finalmente, eram intercambistas da AIESEC também.
No dia seguinte, começaram as minhas peripécias pela Romênia. Com a ajuda de um taxista que falava espanhol e do dono de uma lanchonete que fazia mímica muito bem, consegui encontrar um local para trocar dinheiro. Vi 100 euros serem multiplicados por 4 e virarem 425 leis, a moeda local. Com os leis e uma mala de 30kg na mão, parti para a estação de trem. E foi nessa hora que me arrependi de ter trazido tanta coisa. Carregar aquele monte de peso dentro de um trem foi quase uma missão impossível.
Quatro trainees da AIESEC me esperavam quando cheguei, 3 ucranianos e 1 australiano. E se eu tinha ficado emocionada com a neve em Bucharest, a neve em Brasov provavelmente iria me fazer chorar. Só que dessa vez era de frio. -10ºC foi o que a cidade preparou para a minha recepção.
Os apartamentos dos trainees ficam dentro dos dormitórios da faculdade – que pelo visto está em recesso, já que as únicas almas vivas por aqui são trainees da AIESEC.
Meu quarto, eu divido com um australiano e uma chinesa.
A bagunça e o tamanho do local provavelmente deixariam minha mãe louca, mas para mim até que é um lugar aconchegante, que possui 4 camas, uma mesa, um frigobar e um banheiro. E aí vai o choque cultural nº 2 (o primeiro foi o frio): não tem box no banheiro. Como assim? Para nãomolharmos tudo, precisamos ficar em pé dentro de uma bacia. E a pior parte é que, segundo eles me explicaram, água quente só acontece 3 vezes na semana e por um período de DUAS HORAS! Tudo bem, sem pânico. Ao que tudo indica a AIESEC está tentando resolver isso.
Os outros trainees moram em apartamentos em frente ao meu. No total somos 8 e estamos divididos entre Brasil, Austrália, Nova Zelândia, China e Ucrânia. Ou seja, sou a única latino-americana por aqui, o que faz com que eles acreditem que sei tudo sobre futebol e reggaeton.
E lá vai o choque cultural nº 3: eles trocam de roupas uns na frente dos outros! Resultado: em menos de 2 horas na cidade já tinha visto dois ucranianos, uma ucraniana, um australiano e uma chinesa só com as roupas de baixo- e todos no mesmo quarto.
Eu claro, fui com elas. Não sabia quando haveria outra chance e pelo que entendi, elas não lavam o cabelo desde que chegaram – isso já tem DUAS SEMANAS. Ok, sem pânico.
No caminho até a casa do Dani paramos no supermercado e compramos itens especiais para fazermos pizza. E nesse meio tempo, aprendi que ficar 5 minutos parado no ponto de ônibus com a neve caindo é muito pior do que ficar 1 hora esperando na estação da lapa.
Por fim, depois de banho quente, pizza, chá e muitas risadas, acabamos ficando para dormir por lá mesmo. E acho que o Dani nunca foi tão feliz, afinal, tinham quatro meninas dormindo no quarto dele.
Hoje é o último dia do ano e mais tarde iremos para uma festa que acontecerá em um strip club e todos os AIESECos estarão lá ! :D
E sim, eu já conheço a Transilvânia.
Feliz ano novo para todos !!!
Saudades do calor do Brasil e do meu banheiro.